Real Madrid
Real Madrid: A Lenda do Futebol Espanhol
O Real Madrid Club de Fútbol, mais conhecido como Real Madrid, é um dos maiores fenômenos do futebol mundial.
Não seria exagero afirmar que o clube madrilenho é um dos grandes responsáveis pela consolidação do esporte ao redor do mundo.
Com uma trajetória repleta de títulos e premiações, o Real Madrid alcançou um patamar de excelência que conquistou uma legião de admiradores ao redor do planeta.
Inúmeros craques e treinadores consagrados que ajudaram a moldar o futebol mundial passaram pelas fileiras merengues.
Por diversos fatores, é inegável que o Real Madrid construiu não apenas um conjunto fantástico de conquistas individuais e coletivas ao longo de sua trajetória, mas uma verdadeira cultura futebolística sólida e cheia de personalidade.
Não basta citar as cifras astronômicas que envolvem a contratação de seus atletas, nem mesmo os recordes e a liderança constante em rankings internacionais de clubes.
Para entender como o Real Madrid atingiu tamanha imponência e a grandeza que ostenta hoje, é preciso revisitar alguns momentos marcantes na caminhada do gigante europeu.
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Como foi fundado o Real Madrid
A trajetória de sucesso do lendário Real Madrid teve os seus primeiros passos na virada do século 20.
Podemos dizer que a história da equipe madrilenha se confunde com a própria história do futebol espanhol.
Com o nome Sociedad Madrid Fútbol Club, a equipe foi fundada oficialmente em 6 de março de 1902, cerca de uma década depois do esporte ter chegado em solo hispânico.
O clube teve como seu primeiro presidente o estudante de engenharia Julián Palacios, que comandou a esquadra madrilenha de modo informal nos dois anos que antecederam sua oficialização. Com a assembleia de fundação ocorrida em 1902, a presidência nos anos seguintes sucedeu-se entre os irmãos Juan e Carlos Padrós, respectivamente.
Sob o comando dos irmãos Padrós, o Madrid FC organizou no mesmo ano o primeiro torneio de futebol espanhol, embrião do que viria a se tornar mais à frente a Copa de Su Majestad el Rey, ou simplesmente Copa del Rey.
A competição tinha como objetivo homenagear a proclamação do rei Afonso XIII. Ainda em 1902, ocorreu o primeiro confronto com o arquirrival Barcelona, vencido por 3×1 pelos blaugranas.
Carlos Padrós, que atuava como empresário, dirigente e jornalista esportivo, foi responsável por articular a criação de organizações como a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e a Federação Internacional de Futebol (FIFA).
Foi na sua gestão que o Real Madrid começou a se transformar na potência atual e buscou se estruturar também na parte administrativa, tendo um olhar atento para além do campo de jogo.
O título de realeza foi concedido em 1920 pelas mãos do rei Afonso XIII, quando então o Madrid FC passou a se chamar Real Madrid Club de Fútbol.
A concessão representava um gesto de apreço do monarca pela agremiação, além de possibilitar o uso do símbolo da coroa em seus distintivos. A titulação foi suspensa em 1936 com o início da Guerra Civil Espanhola, mas foi retomada com o fim do confronto.
Estádio Santiago Bernabéu, templo do futebol mundial
O primeiro local a abrigar os jogos do Madrid FC, no ano de 1902, foi uma antiga praça de touros adquirida pelos irmãos Padrós, que contava com uma taberna próxima como ponto de apoio para os jogadores.
Com a crescente adesão de torcedores, o clube se viu obrigado a buscar uma nova arena, instalando-se uma década depois no campo de O’Donnell, um moderno estádio multiuso com capacidade para um público de 6 mil pessoas.
Em 1923 o Real Madrid precisou mudar mais uma vez, quando o campo de O’Donnell, até então emprestado, foi colocado à venda. Foi então que o clube madrilenho aportou no Velódromo da Cidade Linear, local com uma capacidade de público ampliada para 8 mil pessoas.
Era a primeira vez que as partidas eram realizadas em um campo com gramado. Mas apesar dos pontos positivos, foi uma passagem breve e o Real não tardou a dar início à construção do seu próprio estádio ainda no mesmo ano.
Foi assim que surgiu o Campo del Real Madrid Club de Fútbol, mais conhecido como Estádio Chamartín, em razão do distrito em que estava localizado.
A nova arena abrigou o Real Madrid por mais de duas décadas, até ser demolida para dar espaço ao atual Estádio Santiago Bernabéu em homenagem ao ex-presidente do clube madrilenho.
Ao longo de sua existência, teve a capacidade de público ampliada de 15 para 25 mil espectadores.
Projetado pelos arquitetos Luis Alemany Soler e Manuel Muñoz Monasterio, o Santiago Bernabéu representou um novo momento para a torcida madridista.
O estádio chegou a atingir em seu ápice a capacidade de 125 mil espectadores, tendo sua iluminação noturna inaugurada em 1957 no amistoso entre o clube merengue e o Sport Club do Recife.
Em sua história recente, o campo atravessou grandes reformas em face de sua modernização. A mais recente, iniciada em 2019, traz entre as intervenções a ampliação do museu, a construção de um hotel de luxo e o redesenho de sua fachada.
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A rivalidade entre Real Madrid e Barcelona
A rivalidade mundialmente conhecida entre Real Madrid e Barcelona está longe de ter origem apenas dentro das quatro linhas do campo de jogo.
Para além de serem detentores dos maiores números do futebol em território espanhol, as origens do El Clásico estão ligadas a concepções políticas e ideológicas conflitantes.
O Barcelona foi fundado em 1899 na região da Catalunha, localizada no nordeste da Espanha. A localidade vive um processo conflituoso em torno de sua independência desde o início do século 18, com manifestações que perduram até os dias atuais.
Nesse contexto, o Barcelona foi transformado ao longo do tempo em um símbolo da cultura catalã, agregando o lema “Mais que um clube” de inspiração nacionalista.
Do outro lado, o Real Madrid, localizado na capital do país, representava o poder estabelecido e centralizador da monarquia espanhola.
O Real teve ainda uma relação de proximidade com o general Francisco Franco, responsável pela implantação de uma ditadura de mais de três décadas no país. Os rivais catalães acusam os madrilenhos de terem sido favorecidos pelo regime nesse período.
As animosidades ganharam força especialmente nos momentos de troca de jogadores entre os clubes.
Foi o caso do atacante italiano Di Stéfano, que em 1953 trocou o uniforme azul-grená pelo manto merengue, despertando a ira da torcida catalã. O caso mais recente ocorreu em 2000, com a transferência do meia português Luís Figo do Barça para o Real.
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Hegemonia do Real Madrid na La Liga
Uma amostra da supremacia madrilenha no futebol espanhol pode ser observada ao acompanhar o histórico da primeira divisão do campeonato nacional, mais conhecida como La Liga.
Criado em 1929, o torneio mais importante do país é também considerado pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHF) como a melhor competição do futebol mundial.
Das 92 edições realizadas até o momento, o Real Madrid já conquistou a taça em 35 oportunidades.
Logo atrás vem o Barcelona, com 27 títulos alcançados, concentrando mais de dois terços das vitórias entre os rivais históricos.
Na sequência vêm Atlético de Madrid, com 11 títulos; Athletic Bilbao, com 8 títulos; Valencia, com 6 títulos; Real Sociedad, com 2 títulos; e Deportivo La Coruña, Sevilla e Real Betis, com uma taça cada.
Real Madrid, Barcelona e Athletic Bilbao são os únicos clubes que participaram de todas as edições da La Liga desde a sua criação e nunca foram rebaixados à segunda divisão.
O Real Madrid lidera ainda na classificação absoluta, com um total de 4.864 pontos conquistados ao longo da história da competição.
Vestindo o uniforme merengue, Cristiano Ronaldo é responsável pela melhor média de gols marcados em todas as edições, ocupando o segundo lugar na artilharia absoluta. Francisco Gento, conhecido como Paco, que atuou no Real entre as décadas de 1950 e 1970, mantém-se como o jogador a conquistar mais títulos da La Liga, com 12 taças levantadas.
Real Madrid na Liga dos Campeões e no Mundial de Clubes
Engana-se quem pensa que a soberania do Real Madrid se restringe ao território espanhol.
Criada em 1955, a Liga dos Campeões da União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) é um torneio que leva ao confronto as melhores equipes classificadas em seus respectivos campeonatos nacionais no continente europeu.
Em 67 edições realizadas, o Real conquistou 14 títulos, o dobro do clube italiano Milan, que ocupa o segundo lugar.
Os blancos desfilam com folga quando se trata de estatísticas na Liga dos Campeões, sendo o único time a conquistar cinco taças em sequência, marca alcançada nos cinco anos iniciais do torneio.
A liderança permanece ainda em números absolutos de participações (42), partidas disputadas (476), vitórias obtidas (285) e gols marcados (1047).
O domínio do Real Madrid se confirma mais uma vez quando ultrapassamos as fronteiras continentais.
A Copa do Mundo de Clubes da FIFA, organizada desde 2000 pela entidade maior do esporte, reúne os campeões das seis confederações continentais. A esquadra espanhola lidera o quadro de vencedores, com cinco títulos conquistados em 19 edições.
Acrescenta-se a esse número outras três taças da Copa Intercontinental, disputada entre os campeões da Liga dos Campeões da UEFA e da Libertadores da América, totalizando oito títulos mundiais.
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Florentino Pérez e a globalização do Real Madrid
Florentino Pérez Rodríguez, atual presidente do Real Madrid, foi o 15º mandatário na linha de sucessão do clube quando alcançou sua primeira eleição, no ano de 2000.
Durante a campanha eleitoral, Pérez focou na má gestão das questões financeiras que envolviam o clube, conquistando a confiança dos associados.
As transformações econômicas operadas pelo dirigente eleito contribuíram para transformar o Real da atualidade no clube mais valioso do mundo, segundo levantamento da revista Forbes em 2023.
A política da gestão Florentino Pérez esteve sempre focada na sucessiva globalização do plantel madrilenho. A ideia era contratar a cada temporada uma nova estrela do futebol internacional que figurasse entre os melhores do mundo.
Assim aconteceu com as chegadas de Figo (2000), Zidane (2001), Ronaldo (2002), David Beckham (2003), Michael Owen (2004) e Robinho (2005), entre outras celebridades do mundo do futebol.
Essa ficou conhecida como a primeira fase dos galácticos, termo espanhol que passou a designar o conjunto de estrelas do plantel madridista.
Após ser reeleito no pleito seguinte com o apoio de mais de 90% dos votantes, Pérez afastou-se do clube em 2006, após uma má fase enfrentada pelo time. Retornou ao comando em 2009, com uma campanha intitulada “Vuelve la ilusion”, que pretendia seguir com o padrão de excelência iniciado anteriormente.
O segundo mandato de Florentino Pérez coincide com a segunda fase da era galáctica. Foi nesse período que chegaram ao Real Madrid estrelas como Kaká, Cristiano Ronaldo, Benzema e Xabi Alonso.
Pérez também foi responsável por reformas significativas no Estádio Santiago Bernabéu. Sob sua gestão foi concebido o plano diretor da arena, que trouxe melhorias técnicas na infraestrutura e passou a explorar o espaço para diversas finalidades ao longo do ano.
Em 2007 o Bernabéu foi reconhecido como “Estádio de Elite” pela UEFA, critério necessário para receber uma final da Liga dos Campeões, o que ocorreu três anos depois. Atualmente o espaço vive mais um processo de reformas para modernização de suas instalações.
Ídolos que marcaram história no Real Madrid
A história do Real Madrid é atravessada por diversos craques históricos que despontaram no futebol mundial vestindo a camisa merengue.
Alfredo Di Stéfano, nome de importância indiscutível para a esquadra madrilenha, foi uma das estrelas de maior reconhecimento no clube. O atacante italiano se destacou nos gramados, contribuindo para a conquista de oito títulos nacionais e cinco taças da Liga dos Campeões.
Fora de campo, também ganhou relevância por seu comportamento de liderança com os companheiros de clube.
Cristiano Ronaldo também deixou sua marca na história madridista. O centroavante português é responsável pela maior artilharia de todos os tempos no clube, com impressionantes 451 gols marcados e 16 títulos conquistados ao longo dos nove anos de sua passagem.
Ronaldo jogava pelo Real Madrid em quatro das cinco vezes em que foi considerado o melhor jogador do mundo pela FIFA.
Outros jogadores lendários fizeram parte desta lista seleta, como Ferenc Puskas, que fez história no futebol mundial por sua capacidade de posicionamento e finalização.
Merece destaque ainda Francisco Gento, o Paco, contemporâneo de Puskas e Di Stefano, que se diferenciava pelas jogadas em velocidade.
O período áureo dos galácticos também foi responsável por ampliar esse quadro, revelando, entre outros talentos, nomes como Zidane, Raúl, Roberto Carlos, Casillas e Benzema.
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O que esperar para o futuro do Real Madrid
O Real Madrid segue apostando alto para a temporada 2023/24, possivelmente a última sob o comando de Carlo Ancelotti.
O treinador italiano é sondado para assumir a seleção brasileira, mas as tratativas ainda não foram confirmadas por nenhuma das partes.
Enquanto as negociações com a CBF não têm uma posição definitiva, Ancelotti segue garantindo reforços de peso para o clube merengue na pré-temporada.
Jude Bellingham, de apenas 19 anos, está entre as mais importantes contratações. O meio-campista inglês fechou contrato com o Real até 2029, depois de deixar o Borussia Dortmund.
A transação faz parte de uma estratégia antiga de renovação do plantel madridista com craques em início de carreira.
Como parte desse movimento, chegaram ao clube nomes como Vinicius Jr e Rodrygo. Mais recentemente, o jovem Endrick, de 16 anos, foi comprado do Palmeiras, mas só poderá vestir a camisa blanca a partir de 2024.
O término do contrato de Karim Benzema, e sua consequente saída para o futebol árabe, é um desafio que vem sendo enfrentado por Ancelotti.
O centroavante era uma das peças principais no elenco, ao longo de suas 14 temporadas disputadas e 25 títulos conquistados, figurando como o segundo maior goleador da história do clube.
Para a sua vaga, alguns nomes vêm sendo sondados, como o do francês Kylian Mbappé e do sérvio Dusan Vlahovic, mas ainda sem confirmação oficial.
O calendário oficial da La Liga espanhola tem início em agosto de 2023, com previsão de encerramento para maio de 2024.
Real Madrid e Barcelona seguem como principais favoritos da competição. O torneio é disputado no formato de pontos corridos e define as vagas dos participantes da Liga dos Campeões da UEFA, além da classificação para a Liga Europa e a Liga Conferência da Europa.
A edição 2022/23 foi conquistada pelo Barcelona, que alcançou o 27º título nacional, ficando dez pontos à frente do rival direto