Analista de desempenho de futebol: o que faz, como funciona e sua importância para o esporte

O futebol costuma despertar fortes emoções, não apenas nos torcedores, mas entre jogadores, comissão técnica e todos os envolvidos no desenrolar de uma partida. 

No entanto, o mundo moderno vem abrindo cada vez mais espaço para uma visão racional do esporte, embasada por dados e critérios técnicos para reduzir a margem de erro.

Neste contexto, o papel do analista de desempenho de futebol passou a se tornar essencial para identificar possíveis lacunas e potencialidades a serem exploradas. 

É este profissional que fornece informação qualificada para técnicos, auxiliares e até mesmo jogadores, quando a performance é observada de maneira individualizada.

O avanço da tecnologia possibilitou níveis de detalhamento até então inimagináveis na captação dos indicadores. 

Dessa forma, os principais clubes e seleções ao redor do mundo colocam o analista de desempenho como uma função central na interpretação e formulação de suas estratégias de curto, médio e longo prazo.

Para entender melhor sobre o que envolve a profissão do analista de desempenho de futebol, o Click Esportivo traz este artigo com tudo que você precisa saber em relação às principais responsabilidades envolvidas, as tecnologias utilizadas e as tendências crescentes neste mercado em constante expansão.

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O que faz um analista de desempenho de futebol?

De maneira resumida, a atuação de um analista de desempenho pode ser entendida como o auxílio na verificação do alcance das metas previamente estabelecidas. 

Para tanto, o profissional é responsável por interpretar os dados colhidos ao longo de treinamentos e partidas oficiais, auxiliado por uma série de ferramentas.

Toda a avaliação deve ser realizada em harmonia com o treinador e com a comissão técnica, que vão direcionar o olhar do analista para determinado objetivo. 

A qualidade das análises obtidas é influenciada por uma série de fatores, como o nível de investimento destinado pelo clube ao setor e a existência ou não de uma equipe de apoio.

O contador britânico Charles Reep, tido como o pioneiro na análise do futebol com auxílio de dados estatísticos, no final da década de 1960, tinha à sua disposição apenas uma prancheta e o seu olhar atento. 

Hoje em dia, os analistas podem contar com softwares avançados, que contabilizam dados individualizados em tempo real.

Os dados extraídos pelo analista de desempenho de futebol podem ser de ordem quantitativa e qualitativa. 

Em relação à quantidade, são os conhecidos scouts técnicos, que envolvem posse de bola, finalizações, entre outros aspectos. 

Já a qualidade envolve um olhar mais subjetivo, como, por exemplo, a leitura de uma transição ofensiva.

A remuneração de um analista especializado em futebol varia de acordo com a experiência, o nível de formação e o clube em que está inserido. 

A média salarial da profissão, para um início de carreira, fica na faixa de R$ 3 a 4 mil. O profissional também pode complementar a renda ao ser contratado por um atleta para acompanhar sua carreira.

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Como as análises contribuem para a estratégia?

A principal contribuição do analista de desempenho de futebol no desenvolvimento da estratégia é a minimização da margem de erro. 

O profissional é o responsável, junto à sua equipe, por identificar as eventuais razões das falhas para corrigi-las, bem como verificar e manter o que estiver correspondendo às expectativas.

Para tanto, é fundamental que exista um alinhamento eficiente entre o analista e a comissão técnica, para que os esforços sejam direcionados corretamente em torno da estratégia maior a ser alcançada. 

Portanto, a comunicação exerce um papel fundamental, bem como a compreensão plena das partes sobre o planejamento tático a ser implementado.

Em 2022, o setor de análise de desempenho do Vasco ficou em evidência após um gol de Andrey marcado contra o CRB, no dia 27 de julho. 

O lance envolveu uma jogada ensaiada numa cobrança de escanteio, que se baseou em um estudo dos analistas sobre o comportamento da defesa do clube alagoano nas bolas paradas.

No futebol europeu, o cenário da análise de desempenho se encontra mais avançado, sendo uma realidade na imensa maioria dos grandes clubes. 

O inglês Liverpool, por exemplo, é um dos que mais investem no setor, sob o comando de Ian Graham, diretor de pesquisa dos Reds e uma das maiores referências do ramo.

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Principais tecnologias empregadas

Com o avanço tecnológico cada vez mais acelerado e acessível aos profissionais e aos clubes, a atividade do analista de desempenho de futebol passou a ser inteiramente mediada por softwares e outros artefatos informatizados.

O primeiro passo é a obtenção dos dados, que são extraídos a partir de programas de rastreamento com uso de tecnologias como GPS, monitores cardíacos e outros itens com sensores, como as chuteiras “inteligentes”. 

Dessa forma, é possível estudar aspectos como velocidade, distância percorrida, finalizações, entre outros, de forma mais detalhada.

Para uma análise mais ampla e coletiva, são indicados softwares que tomam o vídeo como base, permitindo isolar visualmente um atleta ou um grupo de jogadores e observar a movimentação dentro de campo em determinada situação. 

Catapult, Hudl Sportscode e Wyscout são alguns dos exemplos mais conhecidos no mercado.

Para visualizar os dados e identificar padrões, podem ser utilizados softwares de modelagem baseados em linguagens de programação como o Python, por exemplo.

Já para a apresentação, são indicados programas que tratam os dados e produzem uma interface visualmente mais limpa e descomplicada, como o PowerBI.

Profissionais de referência do setor

A profissão de analista de desempenho de futebol, enquanto uma área relativamente nova no país, não possui cursos de graduação específicos nas grandes universidades. 

Dessa forma, a formação do profissional pode tomar diferentes percursos até a chegada ao mercado. 

Vamos conhecer, a seguir, alguns nomes de destaque no cenário nacional.

Flavio Salla

Aos 20 anos, o carioca Flávio Salla é tido como uma das grandes revelações. De família gaúcha, sua trajetória teve início em 2018, aos 14 anos, no São Gabriel, que disputava a divisão de acesso do Campeonato Gaúcho. 

Atualmente, trabalha como analista de desempenho no Capital CF, que disputa a primeira divisão do Campeonato Brasiliense.

Raony Thadeu

Um nome mais estabelecido é o do pernambucano Raony Thadeu, de 34 anos, que sonhava em ser jogador na infância, mas acabou atuando nos bastidores. 

Começou a carreira de analista no Corinthians, em 2013. Dois anos depois, trabalhou com Tite, seguindo com o treinador na sequência para a Seleção Brasileira. 

Atualmente, coordena o Centro de Inteligência do Futebol (CIFUT) do Corinthians.

Ricardo Pombo Sales

Outra referência do setor é o paulista Ricardo Pombo Sales, que iniciou a carreira em 2012, quando cursava um doutorado em Ciência do Esporte em Portugal. 

Sua primeira experiência foi na Seleção Brasileira Feminina, ao lado do treinador Márcio Oliveira, onde ficou até 2013. 

No momento, Pombo atua como instrutor de cursos de análise de desempenho em instituições como CBF, Conmebol e Federação Paulista de Futebol.

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Tendências futuras da análise de desempenho no futebol

O principal termômetro para medir o avanço da análise de desempenho no contexto do futebol é o estágio de desenvolvimento da tecnologia, que é capaz de proporcionar ferramentas cada vez mais completas e complexas. 

Dentre os inúmeros campos do conhecimento tecnológico, sem dúvidas, a inteligência artificial é o que mais se destaca.

Por meio da inteligência artificial, o papel do analista de desempenho de futebol pode se transformar de uma posição mais reativa, que responde a algo que já ocorreu, para uma postura preditiva, antecipando-se aos acontecimentos através da identificação de padrões.

Em 2019, uma parceria entre a Amazon e a NFL produziu uma plataforma chamada Digital Athlete. O intuito era utilizar recursos de inteligência artificial e aprendizado de máquina para simular e prever e evitar lesões dos atletas durante as partidas.

Na Copa do Mundo de 2022, a FIFA também utilizou um recurso tecnológico em versão de teste, quando implementou o chamado impedimento semiautomático. 

Na ocasião, 12 câmeras espalhadas ao redor do estádio eram capazes de coletar até 29 pontos do corpo do atleta em tempo real, enviando dados à central de monitoramento da arbitragem numa velocidade de cerca de 500 vezes por segundo.

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Conclusão

Um analista de desempenho de futebol bem-sucedido não é capaz de tornar um clube invencível, nem mesmo almeja este objetivo. 

No entanto, quando bem conduzida, a atividade contribui decisivamente para que as equipes e os atletas compreendam e corrijam suas próprias falhas, caminhando sempre no sentido do aperfeiçoamento. 

O avanço tecnológico constantemente produz ferramentas que tornam o cenário da previsão no futebol cada vez mais livre de erros. 

Com o passar do anos, o esporte deixou de ser um espaço guiado apenas pela emoção, dando espaço para números e estatísticas que são capazes de oferecer projeções matemáticas seguras.

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