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Sport Recife: a história e as grandes conquistas do Leão da Ilha
O Sport Recife é considerado pela sua apaixonada torcida como o maior do nordeste, e sua rica história cheia de conquistas corroboram essa tese. Conheça a trajetória do Leão da Ilha no cenário nacional
Em meio a títulos nacionais e a hegemonia estadual, o Sport Recife carrega uma história talhada de títulos emblemáticos e torcedores fiéis. Não por acaso, foi o primeiro clube de futebol do estado, já que os rivais locais, Náutico e Santa Cruz, só iniciaram suas atividades nas quatro linhas anos depois.
Tudo começou no final de 1903 quando o pernambucano Guilherme de Aquino Fonseca voltava ao Recife após estudos da Inglaterra.
Com apenas 18 anos e uma mente visionária, trouxe do país bretão artefatos de esportes, entre eles, bolas, meiões, chuteiras e camisas de listras vermelhas e pretas.
Ali, nascia o embrião do Sport Recife.
A fundação do Sport Recife
O objetivo ganhou contornos oficiais no dia 13 de maio de 1905, data de fundação do Sport Recife, quando Aquino reuniu “ardente seguidores, criando essa nação de vencedores”, como diz um dos versos do hino oficial do clube.
No total, 67 torcedores estiveram presentes na solenidade, que aconteceu no salão da Associação dos Empregados do Comércio de Pernambuco.
O primeiro jogo ocorreu em junho, quando o Sport fez amistoso diante do English Eleven, equipe composta por funcionários de companhias britânicas sediadas na capital pernambucana.
Apesar da experiência dos ingleses, o Leão da Praça da Bandeira arrancou um empate heroico: 2 a 2, no campo do Derby.
O Estádio Adelmar da Costa Carvalho, a Ilha do Retiro, seria inaugurado em 4 de julho de 1937.
A hegemonia estadual do Sport Recife
Dono de 43 taças, o Sport é o maior vencedor do Campeonato Pernambucano, Náutico e Santa Cruz têm 24 e 29, respectivamente.
O primeiro grito de campeão aconteceu em 1916 e na ocasião, vitória sobre o Santa Cruz por 4 x 1, iniciando a trajetória vencedora.
No fim daquela década, a equipe venceu o Troféu Leão do Norte, no Pará e daí que surgiu a ideia do mascote. O Leão seguiu rugindo alto no estado e, em 1942, faturou seu décimo troféu, vencendo quatro dos três turnos.
Insaciável, abocanhou taças e as maiores sequências foram dois pentacampeonatos consecutivos: durante 1995-2000 e 2006-2010. A última conquista foi em 2023, derrotando o Retrô na decisão.
Sport Recife: títulos nacionais
Desbravando barreiras, o Sport Recife ostenta até hoje o título de único nordestino a vencer a Copa do Brasil, em 2008.
Durante a campanha vencedora, a equipe comandada por Nelsinho Baptista foi derrubando gigantes como Palmeiras, Internacional e Vasco (eliminou também Imperatriz e Brasiliense) até chegar à final contra o Corinthians.
O primeiro jogo teve requintes de crueldade, pois o time comandado pelo técnico Mano Menezes, vencia por 3 a 0, resultado que fazia o Morumbi explodir de confiança no título. Eis que Enílton tocou na saída de Felipe, selando o 3 x 1, em gol que posteriormente foi tratado por Carlinhos Bala como “o gol do título”.
A profecia de Bala se concretizou na noite de 11 de junho, quando o próprio atacante abriu o placar logo nos primeiros minutos e Luciano Henrique fez o segundo, à medida em que o Sport Recife conteve o ímpeto corintiano, e ergueu a taça.
Além da Copa do Brasil, o Sport Recife foi campeão Brasileiro de 1987, derrotando o Guarani, e também faturou a Série B de 1990, dando a volta olímpica diante do Athletico-PR.
Ídolos do Sport Recife
Único clube do planeta a revelar dois artilheiros de Copa do Mundo (Ademir de Menezes em 1950, no Brasil, e Vavá em 1962, no Chile), o Sport tem um vasto número de ídolos. Além de Ademir e Vavá, outros nomes como Manga, Raúl Bentancor, Dadá Maravilha, Almir Pernambuquinho, Marco Antônio, Durval, e Roberto Coração de Leão, também merecem destaque.
José Roque Paes, ou simplesmente Traçaia, é até hoje o maior artilheiro da história do Leão, totalizando 202 gols, tudo isso em uma única passagem pelo clube, entre 1955 e 1962.
Dentre os 202 tentos assinalados, estão 10 hat-tricks e duas partidas em que o craque marcou quatro vezes (Sport 10 x 0 Auto Esporte em 1955 e Sport 7 x 1 Íbis em 1959). Djalma Freitas (161), Leonardo (133), Luís Carlos (108) e Naninho (103) completam o Top 5.
Indo do ataque a defesa, está Alessandro Beti Rosa, o Magrão, maior goleiro que já defendeu as cores do Sport Recife. É o atleta detentor de mais jogos pelo clube, disputando 732 partidas. De quebra, também é o maior campeão, empilhando 10 títulos entre os anos de 2005 e 2019.
Vale destacar que nos troféus da Copa do Brasil em 2008 e o da Copa do Nordeste em 2014 o arqueiro teve atuações antológicas debaixo das traves.
Técnicos vitoriosos do Sport Recife
O futebol pernambucano, em especial no século passado, repatriou treinadores uruguaios. E no Sport Recife não seria diferente.
O primeiro platense a erguer um troféu pelo Leão foi Ricardo Díez, campeão pernambucano de forma invicta em 1941, comandando uma equipe repleta de craques, tal como Ademir, Djalma, Furlan e Walfredo, entre outros.
A caminhada do título teve algumas goleadas emblemáticas: 10 x 0 no extinto Flamengo, 8 x 1 no Náutico e 5 x 2 no América. Já os pernambucanos da gema Palmeira e Duque, multicampeões por Sport Recife, Náutico e Santa Cruz, também merecem destaque.
Palmeiras foi bicampeão no Leão da Ilha (1961/1962), enquanto Duque levantou um único troféu, em 1975, tirando o Rubro-negro de um hiato ingrato de conquistas que, à época, já durava 13 anos. O Náutico foi hexacampeão e o Santa Cruz penta, neste recorte.
Outro treinador importante na história do Sport Recife foi Gentil Cardoso. Na beira do gramado, Gentil entrou no panteão de grandes técnicos após o título pernambucano de 1955, ano do cinquentenário do clube.
Nomes como Givanildo Oliveira, Eduardo Baptista e Brida levam menções honrosas, mas poucos têm tanta áurea como Emerson Leão e Nelsinho Baptista, comandantes das duas conquistas mais célebres do Sport Recife.
Leão montou a equipe que se sagrou campeã brasileira de 1987 (deixou o clube antes do quadrangular final, tendo Jair Picerni levando a honraria) enquanto Nelsinho liderou o rubro-negro no título da Copa do Brasil, em 2008.
Ilha do Retiro, a casa do Sport Recife
Estreia perfeita em 4 de julho de 1937, o grande herói do Sport na inauguração da Ilha do Retiro foi o ponta direita Haroldo Praça, pai do ex-presidente Leonino Sílvio Guimarães, que fez o gol da vitória suada diante do Santa Cruz, no duelo que depois viria a ser chamado de “Clássico das Multidões”.
Haroldo marcou de cabeça aos 40 minutos do segundo tempo naquela manhã de domingo e fez 6×5.
Ostentando 86 anos de história, a casa rubro-negra virou uma espécie de alçapão que impõe medo aos adversários. Não por acaso, já recebeu a alcunha de La Bombonilha, em alusão a La Bombonera, estádio do argentino Boca Juniors.
A Ilha também foi palco de outros grandes títulos do Leão, como o do Campeonato Brasileiro de 1987. Disputado no ano seguinte, em fevereiro de 1988, triunfo dos pernambucanos. Gol de Marco Antônio, explodindo as arquibancadas.
Os principais rivais e a torcida do Sport Recife
O Sport trava rivalidades ferrenhas, seja em Pernambuco ou interestaduais. No âmbito local, possui como rivais locais o Náutico (disputa o Clássico dos Clássicos, o mais antigo da região nordeste) e o Santa Cruz, no duelo que recebe a alcunha de Clássico das Multidões.
Também rivalizava diante do América, o primeiro confronto notório do estado, chamado de Clássico dos Campeões.
Quebrando fronteiras, o Leão tem o Bahia (campeão brasileiro de 1988) como rival, disputando a alcunha de Maior do Nordeste. No último encontro entre as equipes, em 2023, um sonoro 6 x 0 a favor dos rubro-negros pela Copa do Nordeste.
Quem também é um calo no sapato do Leão é o Flamengo, tudo por conta do título de 1987. O troféu foi contestado pelo Fla em várias esferas judiciais ou esportivas, perdendo a causa em todas. A CBF e a FIFA, assim como o STJD, consideram o Sport como único campeão daquele ano.
Já a torcida rubro-negra é um caso à parte. Fiel como poucas, ela empurrou o Leão a várias conquistas inesquecíveis. Tão importante quanto os títulos, o Sport tem o maior número de torcedores em Pernambuco.
Segundo pesquisa da CNN/Itatiaia/Quaest, em abril de 2023, são cerca de 3.28 milhões de rubro-negros, no Brasil e no mundo.
Jogos inesquecíveis do Sport Recife
A lista de partidas memoráveis no lado vermelho e preto de Pernambuco não é pequena e um dos jogos mais emblemáticos ocorreu em fevereiro de 1988, valendo o título do Campeonato Brasileiro de 1987.
Quando tudo se encaminhava à prorrogação, Marco Antônio subiu mais alto que os defensores do Guarani e, de cabeça, fez o gol do título em uma Ilha do Retiro abarrotada de gente.
Vinte anos depois, veio a epopeia do título da Copa do Brasil de 2008 com uma atitude feroz e destemida o Leão foi assombrando o Brasil até chegar à final.
Após a vitória do Corinthians, na ida, o Sport precisava mostrar sua força na partida de volta, feito que conseguiu somente no primeiro tempo, fazendo 2 a 0 (gols de Carlinhos Bala e Luciano Henrique).
Outros jogos não valeram título, mas são considerados inesquecíveis, como, por exemplo, um verdadeiro massacre leonino sobre o Atlético-MG, por 6 x 0, no ano 2000, em pleno Mineirão. O craque da partida foi Leonardo, com cinco gols e uma assistência. Cinco anos depois, virada eletrizante sobre o Bahia: 3 x 2.
Momento atual do Sport Recife
Em 2023, o Sport vive ótima fase e já faturou o título do Campeonato Pernambucano, batendo o Retrô, e chegou à final da Copa do Nordeste, na qual foi derrotado pelo Ceará, nos pênaltis.
Tem o ataque mais poderoso do Brasil, beirando a casa dos 100 gols marcados na temporada. O ano exitoso continua na Série B do Campeonato Brasileiro onde está entre os lideres da competição, sendo um dos principais candidatos na luta pelo acesso à Série A e até pelo título.
O elenco tem vários jogadores de destaque, como os experientes Vagner Love e Rafael Thyere, todos sob a batuta do treinador Enderson Moreira. A perspectiva de futuro, portanto, é animadora.
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