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Taiti, sede do surfe, se torna dor de cabeça para Jogos de Paris 2024

<p>Etapa da Liga Mundial de Surfe realizada em agosto no Taiti (Foto: Jerome Brouillet/AFP)</p>

Etapa da Liga Mundial de Surfe realizada em agosto no Taiti (Foto: Jerome Brouillet/AFP)

As autoridades franco-polinésias interromperam as obras das instalações necessárias para receber as provas de surfe dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 em Teahupo’o, no Taiti, uma decisão que foi comemorada pela Federação Internacional de Surfe (ISA), mas que levanta dúvidas importantes a oito meses do evento.

A ISA comemorou nesta quarta-feira (6) a decisão do governo franco-polinésio de suspender os trabalhos na sede de Teahupo’o dos Jogos, após os danos causados aos corais durante um evento teste antes da instalação de uma nova torre para os árbitros.

A localidade, na Polinésia Francesa (Pacífico Sul), deve receber as competições de surfe.

As autoridades pretendiam instalar ali uma nova torre de alumínio, já que a utilizada habitualmente pelos árbitros durante as competições de surfe, de madeira, “não atende aos padrões há uma década”, segundo o comitê organizador.

Leia também: Associação Internacional de Surfe celebra pausa nas obras da sede olímpica do Taiti

O projeto, no entanto, tem forte oposição local e várias associações, ambientalistas e moradores da cidade acreditam que as obras podem danificar o fundo do mar.

Nas redes sociais, muitos surfistas, incluindo o astro Kelly Slater, criticaram a nova torre.

A tensão chegou a tal ponto que a prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo, que fez uma viagem oficial ao Taiti no final de outubro, teve que desistir de visitar Teahupo’o por temor aos protestos.

“Triste e surpresa”

Depois que “o governo franco-polinésio decidiu suspender os próximos testes, a ISA celebra esta decisão e pede a intensificação das conversas para examinar todas as opções possíveis”, afirmou a entidade responsável por organizar a competição olímpica de surfe.

A instituição se declarou “triste e surpresa” com o fato de uma barcaça, que deveria instalar a nova torre de alumínio, ter rompido o coral durante os testes de sexta-feira, registrados pelas associações de defesa do ambiente.

“Desde o início do processo de organização das provas olímpicas de surfe na Polinésia Francesa, a ISA sempre insistiu que a proteção da natureza de Teahupo’o era uma prioridade”, acrescentou a nota.

Responsável pela organização do evento olímpico da modalidade, a ISA destacou que “as instalações e infraestruturas são responsabilidade do Comitê Organizador Paris 2024, em coordenação com o governo franco-polinésio”.

Duas localidades se oferecem como alternativa

Além de Teahupo’o, outras quatro localidades na França continental se ofereceram para receber as provas de surfe dos Jogos: Lacanau, Biarritz, La Torche e Landes.

As autoridades municipais de Lacanau e La Torche informaram à AFP que continuam interessadas em organizar a competição.

“Continuamos trabalhando tranquilamente e, se nos chamarem hoje, sem dúvida ficaremos felizes em acolher as provas de surfe dos Jogos Olímpicos”, disse Laurent Peyrondet, prefeito de Lacanau.

“Se nos pedirem, não diremos que não”, afirmou, por sua vez, Stéphane Le Doaré, prefeito de Pont-L’Abbé e responsável pelas instalações de surfe de La Torche.

O presidente regional da Polinésia Francesa, Moetai Brotherson, já tinha defendido no mês passado que as competições não ocorressem em Teahupo’o, mas sim em outra localidade desse território ultramarino ou na França continental.

As provas de surfe dos Jogos Olímpicos de Paris estão previstas para acontecer entre os dias 27 e 30 de julho de 2024.