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Opinião

Campeão da Série B, o Vitória se articula para retomar protagonismo no Nordeste

<p>Foto: Victor Manuel/Vitória</p>

Foto: Victor Manuel/Vitória

Após início ruim em 2023, o Vitória remontou o time e conseguiu o acesso para a Série A após cinco anos; confira uma análise histórica

A queda do Vitória no Brasileirão de 2018, com a 19ª colocação, aconteceu num momento crucial. Tanto no âmbito interno, com o caos na disputa política pelo comando do clube, com seguidas renúncias de presidente, quanto na nova formatação econômica do campeonato nacional, agora sem a “cláusula paraquedas”, que dava aos integrantes do antigo “Clube dos 13” a cota de transmissão com o valor integral em seu primeiro ano pós-rebaixamento.

Assim, o rubro-negro baiano, que era um dos três nordestinos presentes naquela associação, ao lado de Bahia e Sport, recebeu apenas R$ 6 milhões da tevê para a Série B de 2019, em vez de R$ 40 milhões, o montante estimado para a participação na Série A. O passivo já descontrolado terminou de empurrar o clube para o seu maior hiato longe da elite do futebol nacional. Foram cinco anos, tendo ainda uma dura queda para a Série C, com a perda total do protagonismo no Nordeste.

E é desta mudança na percepção do Leão da Barra que trato a enorme relevância sobre a volta à primeira divisão em 2024, sob o comando de Léo Condé. Um acesso que faz relembrar o verdadeiro tamanho do Vitória. Pra começar, chega ser curioso tratar especificamente disso, mas as últimas temporadas afastaram demais o clube da primeira prateleira da região em termos competividade, gerando discussões e provocações. São dez anos desde a última campanha entre os dez melhores colocados da Série A, 13 anos sem disputar o título do Nordestão e 5 anos não chegando sequer à semifinal do Campeonato Baiano. Esse desempenho pífio não bate com o histórico do clube.

38 participações na Série A

No Brasileirão, o leão já ficou 9 vezes no “top ten”, incluindo o vice-campeonato em 1993 e a semifinal em 1999. No próximo ano, aliás, será a sua 38ª participação em 54 temporadas a partir de 1971. Isso dá 70%. Ou seja, o normal é ver o Vitória na Série A, e não fora dela. Obviamente, o time já oscilou demais na competição, mas na maior parte do tempo esteve presente, tendo 319 vitórias, 266 empates e 391 derrotas. Com 976 jogos disputados, chegará à 1.000ª apresentação em 2024. No Nordeste, será apenas o 3º clube a conseguir isso.

Considerando o período unificado do Brasileirão, somando as edições de 1959 a 1970, o Vitória chegará a 40 participações, sendo ainda um número bastante relevante. Esse quadro foi impulsionado a partir de 1992, com o primeiro dos seus cinco acessos à elite. Vice da Série B, foi disputar a divisão acima sem tantas pretensões. Com o treinador Fito Neves à frente, o time tinha três jogadores experientes, João Marcelo (ex-Bahia), Roberto Cavalo (ex-Criciúma) e Pichetti (ex-Botafogo), e uma enxurrada de revelações, como o goleiro Dida (aquele), o lateral-direito Rodrigo e os atacantes Alex Alves e Paulo Isidoro.

Apelidado de “Brinquedo Assassino”, o time do Vitória vestia um uniforme clássico, que parecia um eletrocardiograma. Em campo, avançou até a fase final, quando liderou um quadrangular com Corinthians, Santos e Flamengo, somente. Finalista, acabou parando no Palmeiras, com um timaço recheado de craques da Seleção Brasileira. Infelizmente, naquela época apenas dois clubes do país se classificavam à Libertadores, os campeões da Série A e da Copa do Brasil. Acabou virando um lacuna para o Vitória, ainda vigente. Contudo, aquela campanha e os jogadores revelados, com as primeiras vendas milionárias da região, no Plano Real, acabaram levando o clube ao seu auge.

Quando o Vitória se reforçou via Real Madrid

Desde então, ao longo de trinta anos, foram 17 títulos baianos, contra 12 do Bahia. Além disso, ganhou a Copa do Nordeste quatro vezes, detendo também o recorde de finais seguidas, com presenças de 1997 a 2000. Teve quatro jogadores convocados para a Seleção Brasileira e chegou a repatriar Bebeto em 1997, com o atacante chegando na condição de atual campeão mundial com a Canarinha. O atacante acabaria indo novamente para o Mundial, em 1998, mas só foi chamado depois deixar o Vitória, o que gerou bastante polêmica.

E o que dizer da chegada de Petkovic? O meia sérvio foi comprado junto ao Real Madrid. O Vitória pagou 4,5 milhões de dólares, ou cerca de R$ 5 milhões. Corrigindo esse valor, através da calculadora online do Banco Central, isso daria R$ 24 milhões, muito acima da realidade. Além do impacto, Pet jogou muita bola no Barradão e se firmou no futebol brasileiro. A década de 90 foi transformadora, com o Vitória tomando um lugar de que pertencia ao Santa Cruz, devido ao brilho nos anos 70. Grande o clube já era, claro. Me refiro a ser visto como uma potência nordestina.

O crescimento aconteceu paralelamente ao enfraquecimento do Bahia, tendo o Sport como concorrente, mas com o time pernambucano figurando abaixo em termos econômicos. Afinal, a parceria com o Banco Excel-Econômico, em 1997, fez com que o Vitória comprasse os destaques do próprio Sport. Isso aconteceu com Chiquinho e Russo em 1997, com a dupla chegando por R$ 2,3 milhões. Em 2004, já sem a parceria com o banco, adquiriu Cléber Santana por R$ 1,5 milhão. Em 2004, por sinal, começou a primeira grande derrocada do leão baiano, com dois rebaixamentos seguidos, da A pra C em dois anos. Ao menos a volta foi no mesmo ritmo, da C pra A em dois anos.

O futuro passa pela responsabilidade definitiva

Apesar daquele retorno imediato, as feridas ficaram, com o Vitória demorando um pouco a se encontrar no novo modelo de calendário, com o Campeonato Brasileiro tomando 2/3 do ano e sendo disputado por pontos corridos. A base fortíssima, com vários nomes na Copa do Mundo Sub 17 e Sub 20, não era mais suficiente para manter o clube naquele patamar. O vice na Copa do Brasil de 2010 acabou sendo um sopro num momento já marcado pela oscilação. A transição no modelo de gestão, e, sobretudo, na responsabilidade dos gastos e investimentos, demorou tempo demais e custou caro. De acordo com o último demonstrativo contábil, com dados até 31 de dezembro de 2022, o Vitória tem uma dívida absoluta de R$ 243 milhões, embora tenha firmado uma renegociação de R$ 117 milhões junto à Receita Federal no ano passado. Foi a primeira movimentação clara sobre a responsabilidade, creio.

Inclusive, a expectativa é de uma redução acentuada do passivo no próximo balanço, que deve ser divulgado até 30 de abril do ano que vem. De 2021 para 2022 as dívidas de curto prazo, aquelas com vencimento em até doze meses, caíram de R$ 160 mi para R$ 108 mi. De 2022 a 2023 o valor pode chegar à metade. O controle disso terá como consequência imediata, na minha visão, uma maior capacidade econômica para a necessária qualificação técnica do time, além da valorização da instituição durante a articulação para uma possível Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Ensaiando uma volta aos trilhos, com o quadro social saindo de 4 mil para 32 mil sócios adimplentes, o Vitória volta a ser, também, um representante de bastante peso no Nordeste.

Apesar do caminho ainda difícil, a direção já projeta um orçamento de R$ 200 milhões, que seria o recorde do clube, mesmo num comparativo com valores corrigidos, além da busca pela vaga na Copa Sul-Americana e pela reconquista da Copa do Nordeste. Uma nova taça da Lampions faria do clube o maior campeão isoladamente, status que teve de 2003 até 2021, quando rival tricolor também alcançou o tetra. Imagino que este perfil do Vitória seja a memória ainda viva de muita gente, como é a minha, sem margem pra dúvida. Já para quem acompanha o futebol há pouco tempo ou mesmo para quem já havia esquecido disso, esta parece ser uma boa hora de lembrar.