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Dribles de Futebol: a arte da habilidade e criatividade nos gramados

Os dribles do futebol são apaixonantes e carregam muito da magia do esporte. Relembre os principais lances e a importância dessa técnica para o sucesso no jogo

O drible, também conhecido como finta, é um recurso utilizado nos esportes coletivos, que tem a finalidade de enganar o atleta adversário para criar espaço e avançar em jogadas ofensivas, evitando o contato corporal. 

No futebol, o drible está vinculado ao chamado “jogo bonito”, que demonstra por parte do jogador um alto nível de domínio da técnica e dos fundamentos do esporte.

O ato de driblar é realizado sempre de maneira individual, na disputa de bola entre um atleta e seu oponente direto na marcação.

Assim como a história do futebol em si, a origem do drible tem diversas versões, que remontam a séculos passados e podem variar de acordo com a localidade.

Mas uma coisa é certa: no Brasil, o drible atingiu um outro patamar.

Nas periferias, berço do futebol moderno nacional, o drible vem ganhando status de arte, com torneios específicos em que o artifício é o protagonista.

Muitos jogadores brasileiros de renome internacional construíram sua carreira tendo a habilidade como principal característica.
O Click Esportivo traz um resumo de tudo o que você precisa saber para entender a importância do drible numa partida de futebol, quais os tipos de drible existentes e as restrições para o seu uso dentro do jogo.

Jogador de meia verde iniciando uma ação de drible

Como os dribles surgiram?

O futebol é um esporte secular, que desenvolveu diferentes formas e estilos de ser praticado ao longo dos anos, a partir de regras básicas centrais.

Em razão da existência de poucos registros históricos, seja por imagens ou textos, que delimitem a cronologia dos acontecimentos no futebol, diversas são as versões que explicam a sua transformação e de seus componentes.

O drible, como parte desse cenário, tem uma origem incerta. Entretanto, algumas versões apontam que a criação do recurso está vinculada à presença negra no futebol brasileiro.

No ensaio “O Conceito de Drible e o Drible do Conceito”, o professor Renato Nogueira defende que o drible foi a forma encontrada pelos jogadores negros para evitar o contato físico com os atletas brancos na progressão ofensiva.

Com a gradual presença negra nos clubes na década de 1930, uma das formas de controle adotada pela arbitragem foi a rigidez exacerbada e desproporcional na marcação de infrações em que os negros eram os autores.

Para “driblar” a perseguição, foi necessário que os jogadores se aprimorassem na parte técnica e fizessem uso da criatividade.

Houve ainda uma influência do samba e da capoeira, observada na movimentação em velocidade com a bola e no traquejo corporal utilizados na composição dos dribles.

Tipos de drible

A variedade de combinações entre técnica, habilidade e criatividade que resultam numa jogada é infinita. 

Com a frequência de utilização, o drible costuma se vincular a um determinado jogador que o executa com maestria.

Conheça os principais tipos de drible no futebol:

  • Caneta: É um tipo de jogada simples, que consiste na passagem da bola por entre as pernas do adversário, que geralmente corre na direção oposta, com a captura e posterior sequência da jogada do outro lado;
  • Pedalada: Consiste em passar ambos os pés por cima da bola, de maneira intercalada, camuflando o lado em que dará continuidade à jogada. O jogador Robinho foi um dos expoentes da jogada e recebeu o apelido de “Rei das Pedaladas”;
  • Drible da Vaca: Conhecido também como meia-lua, consiste em tocar a bola por um lado do marcador e dar a volta pelo outro, conseguindo o domínio em seguida. O exemplar mais célebre foi executado por Pelé na Copa do Mundo de 1970;
  • Elástico: Jogada muito comum, em que o atleta utiliza a parte externa do pé para fingir um avanço em determinada direção, mudando bruscamente com uso da parte interna, enquanto o pé de apoio permanece parado. Ronaldinho Gaúcho foi um dos que mais utilizou o drible ao longo da carreira;
  • Chapéu: Com nomes como lençol e banho, é uma jogada de menor complexidade. Consiste no toque sutil, de força mediana, por cima do oponente que vem em sua direção, com o domínio do outro lado na sequência;
  • Lambreta: É uma variação do chapéu, mas com maior grau de dificuldade na execução. Consiste em levantar a bola com uso dos calcanhares, fazendo com que ela passe por cima de si mesmo e do adversário, dominando do outro lado. O atacante Neymar é conhecido pelo uso da jogada;
  • Roleta: Popularizado pelo jogador Zidane, consiste em pisar sobre a bola, dar meia-volta com corpo protegendo-a do adversário, e em seguida trocar de pé e continuar a jogada, despistando a marcação. É chamado também de 360 e Giro de Marselha;
  • Letra: É um recurso que pode ser usado como drible ou finalização, com o intuito de confundir o adversário. Consiste no toque na bola feito com as pernas cruzadas, passando o pé de ação por trás do pé de apoio;
  • Letra falsa: Como o próprio nome indica, a jogada simula uma letra, porém, no lugar do toque para finalizar ou dar continuidade ao drible, a bola é travada e puxada de volta em seguida. É eficiente para confundir a marcação.

jogador com uniforme branco conduzindo a bola em velocidade

O drible no desempenho tático

O drible está longe de ser um mero artifício estético que adiciona beleza às partidas de futebol. 

Muito menos um recurso com finalidade puramente individual, apesar de ser executado por apenas um jogador.

Quando integrado a uma estratégia eficiente, disposta em um desenho tático que privilegie as potencialidades dos jogadores, o drible tem a capacidade de ampliar os espaços para criação de oportunidades reais de finalização.

A progressão ofensiva que esbarra em uma marcação pesada, homem a homem, pode fazer do drible o seu trunfo para conseguir o avanço no campo adversário.

Os dribladores mais talentosos também podem servir de “isca” para a marcação, fornecendo aos companheiros de equipe melhores condições de jogo.

Existe um limite para o uso do drible?

Não existe qualquer limitação expressa, no que refere ao drible, nos regulamentos das confederações, associações e demais entidades esportivas.

Mas na prática, os jogadores podem se colocar frente a um dilema ético na utilização desse tipo de jogada, a depender do contexto em que ela ocorra.

Por parte da arbitragem, responsável pela avaliação e punição das infrações, é cabível também uma avaliação subjetiva, auxiliada por outros fatores situacionais.

A final do Paulistão 1999 entre Palmeiras e Corinthians é um caso emblemático.

Nos minutos finais da partida, com resultado favorável, o atacante alvinegro Edilson começou a fazer embaixadinhas e dominar a bola no pescoço, em um evidente tom provocativo.

Os adversários não gostaram da atitude e foi iniciada uma confusão generalizada, obrigando o juiz a encerrar o jogo antes do tempo regulamentar.

Mais recentemente, o atacante Neymar, jogando pelo Paris Saint-Germain no Campeonato Francês, levou cartão amarelo após uma tentativa de executar uma lambreta sobre o adversário. 

O mesmo aconteceu com o meio-campista Lucas Paquetá, atuando pelo Olympique de Lyon, após aplicar o mesmo drible.

A análise, portanto, em última instância, fica a cargo da arbitragem, que, em nome do fair play, deve analisar as jogadas que possam conter algo além de uma função estritamente tática dentro da partida.

Toda rodada podemos ver belos dribles e aqui no Click Esportivo você acompanha as estatisticas para ver se os jogadores do seu time estão driblando bastante.