Entrevista

SAF, busca por união, eleições e mais: presidente do Santa Cruz avalia momento

<p>Rafael Vieira/FPF</p>

Rafael Vieira/FPF

Jairo Rocha concedeu entrevista exclusiva ao Click Esportivo

Sem calendário nacional em 2024, o Santa Cruz vive a pior crise de sua história. Não bastasse o péssimo desempenho dentro de campo, fora dele os bastidores frequentemente estão agitados com disputas políticas e renúncias – a mais recente a do ex-presidente Antônio Luiz Neto.

A renúncia de ALN fez com que Jairo Rocha, então vice-presidente, assumisse a direção do clube. No cargo há cerca de mais de 15 dias, o dirigente elencou quatro pontos para o mandato-tampão: antecipação das eleições, SAF, união e transparência.

Uma dessas bandeiras ele já conseguiu, já que o pleito foi antecipado para o dia 12 de novembro. Agora, trabalha para ajudar em outras frentes, sobretudo com a SAF, o grande desejo do torcedor tricolor.

Ao Click Esportivo, o presidente coral elenca os processos da SAF, explica por que houve uma pausa nas negociações e mantém confiança de que o negócio vai acontecer.

Além disso, o dirigente coral falou sobre os salários atrasados dos funcionários, as eleições e a busca por união.

Marino Abreu e Jairo Rocha, do Santa Cruz

Foto: Divulgação/SCFC

Click Esportivo: O que houve para que as negociações com os investidores da SAF no Santa Cruz fossem pausadas?

O pessoal já conhece o Santa Cruz. Quando eu assumi o Santa Cruz, foquei em quatro pontos: antecipação das eleições, transparência, SAF e união. A antecipação já conseguimos. Nós marcamos a antecipação das eleições para o dia 12 de novembro. E aí fica em cima do prazo, porque tem que apresentar no Conselho Deliberativo e na Assembleia Geral. E não é justo fazer uma SAF sem ouvir o Conselho e a Assembleia.

Conversamos com os investidores e chegamos a conclusão de que era melhor fazer depois da eleição. Para que o novo presidente já assuma com a SAF em andamento. Como é um negócio muito grande, com tudo já encaminhado e praticamente pronto, nós achamos por bem fazer depois das eleições. Ele vai ter três anos pela frente com o grupo, que vai dar um escritório muito grande a ele. A gente achou por bem fazer isso.

Eu assinar a SAF, ser o protagonista, mas não é real, sem saber quem vai ser eleito e qual a linha de pensamento. Então, após as eleições, a gente voltar a conversar para prosseguir, porque tenho certeza que vai, porque quem entrar vai querer uma SAF no Santa Cruz.

Click Esportivo: O senhor mantém o discurso de que a SAF do Santa Cruz está 90% encaminhada?

Está realmente (90% encaminhada). Falta apresentar ao Conselho e depois fazer a Assembleia, com os tramites normais, e depois resolver. Agora não é justo fazer isso quando vai mudar o presidente do executivo e do Conselho daqui a poucos dias. Quem está conduzindo o processo da SAF é Eduardo Paurá e Petrus dos Santos. Eles dois vão conduzir para o novo presidente que chegar, sem problema nenhum. Eles sabem do processo e têm capacidade para gerir com o novo presidente.

O novo presidente executivo vai ter a opção de querer. Espero que quanto mais rápido seja feito, mais rápido seja resolvido. Agora se vai continuar com Paurá e com Petrus, não sou eu quem vai dizer. Seria bom, porque já andava a 320km por hora. A gente está aberto a qualquer projeto de SAF e quem quiser ser candidato a presidente também. Só peço que não apareça de forma vaidosa, até porque com a SAF 90% do clube vai ficar com os investidores.

Click Esportivo: O senhor conversa com possíveis candidatos que tenham algum projeto de SAF para apresentar?

Albertino (dos Anjos, pré-candidato a presidente) me ligou e me parabenizou pela falta de vaidade, pela falta de querer ser protagonista. Eu não estou preocupado com isso. Meu projeto é para que o Santa Cruz dê certo. Aí ele disse que gostaria de que a gente conversasse na segunda-feira e também já me convidou para a apresentação do grupo de investidor (ligado ao ex-jogador Mancuso). Eu vou por uma questão de compromisso. Agora, se vai ser aprovado ou não, se tem capacidade ou não, são outros 500. A minha obrigação é de receber todos.

Click Esportivo: O Conselho Deliberativo e o executivo tiveram uma relação conflituosa durante os últimos meses. Como está sua relação com Marino Abreu, presidente do Conselho?

Quando assumi eu liguei para ele (Marino Abreu), chamei para a coletiva e fiz tudo que tinha que ser feito como presidente do executivo. As divergências eu não quis saber porque já passou. Nós conversamos, ele marcou as eleições para o dia 12, conversamos e ficou tudo acertado de forma tranquila. Tá tudo certo.

Eu perguntei a ele (Marino Abreu) se ele tinha interesse em ser candidato na primeira vez que conversamos. E ele disse que até então não tinha. Aí na segunda vez eu perguntei, porque quem tiver interesse que se candidate. Quem vai resolver é o sócio. Não quero me antecipar. Não posso falar por ninguém.

Click Esportivo: Por que o senhor não será candidato nas eleições do Santa Cruz?

Tenho vários negócios. Não posso fazer o Santa Cruz por conta dos negócios. Nunca quis ser presidente. Tenho os meus compromissos. Por isso nunca fiquei dando entrevista, aparecendo em fotos. Não é meu perfil. Não tenho méritos nisso (da SAF), já disse a Antônio Luiz Neto, a Petrus e a Eduardo Paurá.

Click Esportivo: É possível ter um candidato de consenso?

Já estou conversando com muita gente a respeito de tentar um candidato de consenso. Que a gente consiga colocar lá uma pessoa íntegra, que tenha capacidade de gerir o clube de forma responsável. Não (tenho nome especulado). Mas meu objetivo é esse. Nesse momento tem muita gente querendo unir o Santa Cruz. O Santa Cruz é maior que todos nós, essa torcida é extraordinária, é o maior título que nós temos.

Click Esportivo: Como o senhor viu a renúncia de Antônio Luiz Neto? Ele estava isolado?

Ele me disse que estava cansado. E que passou na Série D, com xingamentos, e ele estava desgastado. Eu só assumi o clube quando ele viajou para os Estados Unidos, ainda na primeira gestão. Em função de ter assinado como vice-presidente, disse a ele que vou fazer esse mandato-tampão até entregar a gestão ao novo presidente. E assim estou fazendo. Não sei se ele ficou muito isolado, não. Respeito muito ele, foi um grande presidente. Na primeira gestão ele ganhou três campeonatos, teve dois acessos… Fez um trabalho brilhante.

Jairo Rocha, Evandro Carvalho e Marino Abreu, em coletiva do Santa Cruz

Foto: Rafael Vieira/FPF

Click Esportivo: Qual a previsão para pagar os salários atrasados dos funcionários do Santa Cruz?

Sobre os funcionários, vai entrar um dinheiro de uma operação, intermediada pelo presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, para que possamos pagar os meses atrasados, o de outubro e o de novembro, para que o novo presidente encontre o clube de forma mais equilibrada. Tudo isso passando pelo processo de Recuperação Judicial. São três meses de salários contando com o mês de outubro. Acredito que a operação se realize esse mês, a gente pague e fique tudo certo.

Isso é uma operação com um grupo de São Paulo. Agora, a FPF vem dando um apoio muito grande ao Santa Cruz. Se eu não me engano, foram quatro aportes da federação em quatro parcelas de R$ 30 mil. Essa operação (que vai entrar) não é da FPF, é uma coisa de publicidade e que foi feita pela FPF.