Júnior Santos, de pedreiro na Bahia a maior artilheiro do Botafogo na Libertadores

Atacante vive início de ano espetacular, onde só precisou de três jogos para fazer história no Botafogo pela Libertadores

O atacante Júnior Santos é um dos jogadores do futebol brasileiro que mais está em alta neste início de 2024. Em sete anos ele saiu do trabalho de pedreiro na Bahia para se tornar o maior artilheiro da história do Botafogo na Libertadores. Uma trajetória que só o futebol proporciona.

De origem humilde, no interior do estado, ele foi para Salvador-BA para ganhar a vida. Mas também manteve o sonho de jogar futebol aceso e se profissionalizou aos 23 anos. Uma trajetória meteórica, com muita luta e também merecimento.

Júnior Santos é mais um personagem da série de perfis do Click Esportivo. Saiba mais sobre esse jogador que tem feito a alegria da torcida Alvinegra, mas que também deixou boas impressões por outros clubes que defendeu.

Quem é Júnior Santos?

José Antonio dos Santos Júnior, mais conhecido como Júnior Santos, nasceu no dia 11 de outubro de 1994 e é natural de Conceição do Jacuípe, na Bahia. A cidade natal do atacante fica a 97 quilômetros da capital Salvador.

De origem humilde, o atacante via a possibilidade de se tornar jogador de futebol como um sonho distante. Houve um tempo em que sequer acreditava que poderia chegar a isso. Até porque sua trajetória não foi nada fácil.

Desde cedo precisou trabalhar para ajudar a família. Foi servente de pedreiro, caixa de supermercado, enquanto tentava aliar a rotina com o sonho de ser jogador. Ele fez testes para ingressar nas categorias de base do Bahia, Vitória, Fluminense de Feira e Bahia de Feira.

Nos dois clubes de Feira de Santana, Júnior até foi chamado, mas as coisas não andaram e ele sequer começou a treinar. No Flu, por exemplo, ele não teria como bancar a passagem para ir e voltar e o clube não quis pagar a despesa. Situação que o desmotivou aos 17 anos.

Júnior Santos continuou trabalhando para ajudar a família e foi tentar a vida em Salvador, aos 20 anos. Por lá, trabalhou como pedreiro e se destacou no futebol de várzea. Em dois anos jogando na capital baiana, ele se tornou um atleta reconhecido naquele meio.

Havia partidas onde Júnior, bastante requisitado, recebia 300 a 400 reais de “cachê” para jogar. Algo que o fazia receber cerca de R$ 3 mil por mês e optar também por deixar de lado o trabalho de pedreiro.

Inclusive, o Fluminense de Feira e o Bahia de Feira até o chamaram para se profissionalizar. Entretanto, para receber um salário mínimo, cerca de R$ 800 na época, não seria vantajoso para o atacante.

Mas nesses “babas” de Salvador, foi chamado por um amigo para tentar a carreira profissional no interior de São Paulo, no Osvaldo Cruz-SP. Depois de receber uma “profecia” na igreja de que seria jogador de futebol e iria rodar o mundo. Aos 23 anos, largou tudo e arriscou em outro estado, sozinho.

Daí em diante, o baiano começou a se destacar no Osvaldo Cruz-SP, em 2017. Mesmo sem nunca ter passado por uma categoria de base, Júnior Santos foi sendo lapidado e se esforçava muito nos treinos para evoluir. Tanto que deu certo.

No ano seguinte, foi para o Ituano e continuou uma trajetória muito bonita que, hoje, aos 29 anos, o levou a ser o maior artilheiro do Botafogo na Libertadores. Um momento mágico que ele lembrará por toda a carreira.

Em quais clubes Júnior Santos jogou?

Ao todo, Júnior Santos defendeu oito clubes ao longo da carreira. Ele começou no Osvaldo Cruz-SP e passou por Ituano-SP, Ponte Preta, Fortaleza, Kashiwa Reysol-JAP, Yokohama Marinos-JAP, Sanfrecce Hiroshima-JAP e Botafogo. 

Depois de se destacar no Osvaldo Cruz-SP com 17 jogos e cinco gols disputando a Quarta Divisão do Campeonato Paulista, ele conseguiu um teste para o Ituano-SP. Rapidamente chamou atenção pela sua velocidade, força e drible. Após 11 jogos e quatro gols, ele se transferiu para a Ponte Preta.

Na Macaca, o atacante seguiu com o bom momento, disputando a Série B de 2018. Ele disputou 39 jogos, marcou oito gols e deu quatro assistências. Números que fizeram o Fortaleza, que havia vencido aquela Série B e retornava à Primeira Divisão, o contratar.

O começo de Júnior Santos no Tricolor do Pici também foi muito bom. Caiu nas graças da torcida sendo artilheiro da Copa do Nordeste de 2019, com oito gols marcados. Dessa forma, no segundo semestre, foi vendido ao Kashiwa Reysol, se despedindo do Fortaleza com 27 partidas e 10 tentos anotados.

O atacante teve uma boa passagem pelo futebol japonês, onde também seguiu evoluindo. Ele também defendeu o Yokohama Marinos, em 2020, e o Sanfrecce Hiroshima em 2021 e 2022. Dificuldades diferentes, mas que também trouxe êxito, como a artilharia da Copa da Liga Japonesa de 2022, com seis gols.

No segundo semestre de 2022, acertou com o Botafogo, por empréstimo. Não teve grande destaque nesse retorno, mas o Fogão queria renovar com ele. O Sanfrecce Hiroshima só aceitava a venda e o Fortaleza o adquiriu.

Todavia, esse retorno ao Fortaleza foi rápido. Júnior Santos teve pouco espaço com o técnico Juan Pablo Vojvoda, fazendo apenas oito jogos, sem marcar gols, e o Botafogo o adquiriu em definitivo.

Com isso, em 2023, ele disputou 50 partidas pelo Alvinegro, com sete gols marcados e três assistências dadas. Mas em 2024 o início de Júnior Santos é espetacular. São 10 gols em 13 jogos, sendo que sete gols ele marcou em três partidas da Libertadores.

Números que já o tornaram o maior artilheiro da história do Botafogo na Libertadores, de maneira isolada. Momento que o atacante tanto sonhou viver. Ainda há muito pela frente, mas esse instante é especial. Que venha muito mais na carreira dele.

Quais os títulos de Júnior Santos?

Ao todo, Júnior Santos conquistou cinco títulos como jogador profissional. Desse total, três foram pelo Fortaleza, um pelo Kashiwa Reysol e um pelo Sanfrecce Hiroshima.

No Fortaleza, ele foi campeão da Copa do Nordeste (2019) e bicampeão cearense (2019 e 2023). Pelo Kashiwa Reysol, venceu a 2ª Divisão Japonesa (2019) e conquistou a Copa da Liga Japonesa (2022) pelo Sanfrecce Hiroshima.