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Perfil: aos 41 anos, ex-atacante do Ceará e do Fluminense, Ciel brilha com artilharia

<p>Foto: Lenilson Santos/Ferroviário</p>

Foto: Lenilson Santos/Ferroviário

Atacante vive fase mais artilheira da carreira quando conseguiu dar a volta por cima na luta contra o alcoolismo

O atacante Ciel é destaque do futebol nordestino há, pelo menos, quatro temporadas. Mas esse brilho já aconteceu antes e foi apagado por problemas extracampo do jogador. Atualmente com 41 anos, ele vive sua temporada mais artilheira da carreira e chama a atenção no seu 21º clube, o Ferroviário-CE.

Depois de um início de carreira promissor, mesmo sofrendo com os problemas com álcool – que marcaram boa parte da carreira -, Ciel conseguiu brilhar e, depois de ir bem no Ceará, foi para o Fluminense. Porém, por conta da bebida, desperdiçou a chance. Viveu altos e baixos, mas hoje superou esses problemas.

O experiente centroavante, que não dá sinais de querer se aposentar, é o personagem do perfil desta semana do Click Esportivo. Conheça mais sobre a história desse centroavante nascido em Caruaru, no interior de Pernambuco, e que entende de marcar gols.

Foto: Reprodução/Instagram de Ciel

Quem é Ciel?

Caruaruense, Ciel vem de origem humilde, onde trabalhava na roça com a família. Ainda muito jovem, perdeu o pai, que foi assassinado. Um baque grande para todos, já que ele era o principal provedor da casa.

Com a situação financeira de casa bem complicada, a mãe dele precisou correr atrás para sustentar a família. Enquanto isso, Ciel trilhou o caminho do futebol, tal qual seu irmão mais velho: Nildo.

Meia-atacante, o irmão de Ciel teve uma carreira de bastante sucesso no futebol nordestino. Revelado pelo Porto, de Caruaru, Nildo passou pelo Fluminense, foi ídolo do Sport, além de também ter jogado pelo São Paulo, Náutico, Santa Cruz, Figueirense, ABC e Treze-PB.

Ter um exemplo tão perto assim inspirou Ciel a traçar os mesmos passos. Iniciou no Porto-PE e chamou a atenção, sendo contratado pelo Santa Cruz em 2003. Depois, rodou por clubes como Salgueiro-PE, Juazeiro-BA e Centro Limoeirense-PE, Busan I Park-COR antes de chegar ao Ceará e ter seu primeiro grande destaque.

O atacante teve um belo desempenho no Alvinegro de Porangabuçu em 2007 e 2008, chamando a atenção pelo gols e dribles. Momento que o levou para o Fluminense, no que seria a maior oportunidade da carreira de Ciel até o momento. Mas as coisas desandaram.

Foto: Reprodução/Instagram de Ciel

Aliás, já vinham desandando antes. Apesar do resultado em campo, o comportamento do jogador fora das quatro linhas era bastante complicado. Ele vivia em festas e desenvolveu um problema grande com o álcool. Uma verdadeira dependência, que o fazia beber praticamente todo dia.

Pelos clubes que passou anteriormente, ele ainda conseguia conciliar o desempenho em campo com os vários problemas extra-campo. Inclusive, no Ceará, chegou a ser afastado do elenco algumas vezes por chegar aos treinos embriagado, mas acabava reintegrado pelo bom desempenho com a bola.

No Fluminense, a situação foi diferente. O alcoolismo piorou, com o atleta cada vez mais entregue à bebida. Isso fez com que sua passagem pelo Tricolor das Laranjeiras fosse breve. Apenas seis meses, com sete jogos, nenhum gol e contrato rescindido.

Em entrevista à ESPN em 2021, ele comentou sobre a relação que tinha com Branco, tetracampeão mundial e coordenador de futebol do Fluminense na época. O dirigente aconselhava o jogador, dizia que o seu potencial era para jogar na Seleção Brasileira, mas que precisaria mudar comportamentos para isso.

“Até agradeço o carinho do Branco. Ele me levou na sala dele e disse: ‘Teu potencial é brincadeira. Se você jogar como jogou no Ceará, tu vai pegar seleção’ . Ele me dava conselhos, mas eu não estava preparado”, falou Ciel ao canal.

Atacante Ciel, quando jogava pelo Ceará

Foto: Reprodução/Instagram de Ciel

Depois disso, o avançado viria a passar pelo pior momento da sua carreira. O nível de dependência com a bebida piorou e, neste cenário, passou por vários clubes num curto período de tempo, sendo dispensado sempre pelo comportamento extra-campo.

Em 2008, no América-RN, ele até chegou a ser preso, acusado de agressão a uma garota de programa e desacato à polícia. Nisso, saiu do Dragão de Natal e passou também por Paços de Ferreira-POR (dispensado por chegar bêbado a um treinamento), ASA-AL e Corinthians-AL.

Daí em diante, se aventurou no futebol do Oriente Médio. Foram seis temporadas nos Emirados Árabes Unidos, jogando por Shabab Dubai e Al Ahli, até voltar ao Ceará em 2016. No ano seguinte, voltou para o Al Itihhad Kalba e Dibba, também dos Emirados Árabes Unidos. Mas foi nesse ano onde iniciou sua mudança na carreira, ao parar de beber.

Foto: Lenilson Santos/Ferroviário

Em 2018 e 2019, livre no mercado, jogou pelo Caucaia-CE e voltou a ser um jogador de destaque, passando também por ASA-AL e Guarany de Juazeiro-CE. Em 2020, voltou ao Salgueiro-PE e conquistou o Campeonato Pernambucano pelo time do Sertão.

A temporada de 2021 de Ciel foi de jogar novamente uma Série B, indo para o Sampaio Corrêa. Em 2022, jogou no Tombense-MG e foi um dos principais nomes na campanha de permanência na Série B.

Mas em 2023 o atacante vive a sua fase mais artilheira de toda a carreira. Aos 41 anos, ele já soma 22 gols em 38 partidas disputadas na temporada e busca o título da Série D com o Ferroviário-CE. Ele vem sendo um dos destaques na campanha do Ferrão, ajudou o time a garantir o acesso e marcou o gol que colocou o time na final da Série D, que será contra a Ferroviária-SP.

A principal vitória veio fora dos campos, ao ter vencido o vício e a doença do alcoolismo. Por um pedido da sua filha, Ciel melhorou e é recompensado em campo por isso. Hoje se cuida e tenta servir de exemplo para jovens jogadores, para que não repitam o mesmo erro que ele cometeu.

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Quais os títulos de Ciel?

O atacante de 41 anos conquistou um Campeonato Pernambucano (2020), um Campeonato Maranhense (2021), uma Taça Fares Lopes (2019), a 2ª Divisão do Campeonato Cearense (2019), além de duas Copas do Golfo Árabe (2013/2014 e 2015/2016).

Foto: Divulgação/Sampaio Corrêa